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Hipocloridria: O que é e quais os sintomas.


Quando falamos sobre a saúde digestiva, uma condição que frequentemente passa despercebida mas que pode causar muitos desconfortos e até prejudicar outros sistemas do corpo é a hipocloridria. Ela ocorre quando o seu estômago não consegue produzir ácido clorídrico (HCl) suficiente para a digestão adequada dos alimentos. Esse ácido é essencial para processar os alimentos, especialmente as proteínas, além de desempenhar um papel crucial na absorção de vitaminas e minerais, como vitamina B12, ferro, cálcio e magnésio. Basicamente, sem ele, seu corpo começa a ter dificuldade para obter os nutrientes essenciais que ele tanto precisa.



Hipocloridria
Imagem do estômago

No meu caso, como já compartilhei com vocês em outra ocasião, essa condição se manifestou após o uso prolongado de medicações para o tratamento de doenças autoimunes, especialmente imunossupressores e outros medicamentos utilizados para controlar a atividade inflamatória das doenças que eu enfrentei. Durante o período de uso, eu sofri com sintomas como distensão abdominal, sensação de plenitude, gases, falta de energia e até algumas deficiências nutricionais. Hoje estou em remissão e sem os sintomas que antes me acompanhavam e essa deixou de ser uma realidade na minha vida.


Fato é que é mais comum do que se imagina e nem sempre está relacionada a problemas óbvios de digestão. Vamos entender melhor o que está por trás dessa condição, suas causas, como ela se manifesta, e por que o tratamento nutricional é fundamental para quem busca uma recuperação verdadeira.


Causas mais frequentes


Existem várias causas para a diminuição do ácido gástrico, mas, geralmente, o maior vilão é o uso prolongado de medicamentos que podem alterar a função natural do estômago. Os mais comuns incluem:


  • Inibidores da bomba de prótons (IBPs): medicamentos como o omeprazol, pantoprazol e lansoprazol. Esses medicamentos são amplamente prescritos para tratar refluxo ácido, úlceras e problemas gástricos. No entanto, o uso contínuo pode reduzir a produção de ácido gástrico. Para quem já sofre com essa condição, o uso prolongado desses medicamentos, embora possam trazer alívio momentâneo, pode agravar a situação no longo prazo.


  • Bloqueadores dos receptores H2: Como ranitidina e famotidina. Embora sejam menos potentes que os IBPs, esses medicamentos também podem comprometer a acidez gástrica se utilizados a longo prazo.


  • Antibióticos: O uso excessivo de antibióticos pode causar um desequilíbrio no microbioma intestinal e prejudicar a produção de ácido gástrico.


  • Estresse crônico e envelhecimento: Ambos podem afetar negativamente a função gástrica. O envelhecimento, por exemplo, é natural e tende a reduzir a secreção de ácido clorídrico.


Sintomas mais relatados


O principal sintoma é a dificuldade digestiva. Mas os sinais podem variar, e muitos podem ser erroneamente atribuídos a outros problemas. Os sintomas mais comuns:


  • Inchaço e gases após as refeições: A digestão incompleta dos alimentos, principalmente das proteínas, resulta em fermentação no intestino levando a gases e sensação de estufamento.

  • Azia e refluxo ácido: Pode parecer contraditório já que essa condição reduz a produção de ácido mas o estômago tenta compensar essa deficiência com a produção de mais ácido causando queimação e refluxo.

  • Deficiências nutricionais: Como o ácido gástrico é necessário para absorver vitaminas e minerais (como a vitamina B12, cálcio e ferro), a falta dele pode provocar cansaço, fraqueza, palidez, quedas nos níveis de energia e até mesmo osteoporose.

  • Sensação de plenitude prolongada após refeições: O processo digestivo é mais demorado, o que provoca sensação de estar "pesado" por muito tempo após comer.

  • Intolerância a certos alimentos: Isso pode incluir uma dificuldade com carne ou alimentos ricos em proteínas que dependem muito de uma produção de ácido adequada para a digestão.


Sua relação com o Super Crescimento Bacteriano (SIBO)


Uma das consequências mais sérias de ter pouco ácido gástrico é o aumento do risco de supercrescimento bacteriano no intestino delgado (SIBO). Quando o ácido do estômago está reduzido, as bactérias do intestino podem "se multiplicar" mais rapidamente do que deveriam. Isso acontece porque o ácido gástrico serve não apenas para digerir alimentos, mas também para "limpar" as bactérias que podem entrar no estômago durante a alimentação. Quando esse processo é comprometido, as bactérias indesejadas podem prosperar, levando a sintomas de SIBO como diarreia, gases e dor abdominal.


Ela afeta a tireoide e outros sistemas?


Sabia que hipocloridria e disfunções da tireoide podem estar interligadas? A produção insuficiente de ácido gástrico pode prejudicar a absorção de minerais essenciais para o funcionamento da glândula tireoide, como o iodo e o selênio. Isso pode influenciar diretamente condições como o hipotireoidismo e a tireoidite de Hashimoto que são doenças autoimunes onde o metabolismo é comprometido, assim como a função do sistema endócrino. Quando há deficiência desses nutrientes, o equilíbrio hormonal da tireoide pode ser afetado, complicando ainda mais o quadro de saúde.

Além disso, já se sabe que os hormônios da tireoide participam como cofatores da produção de ácido pelo estômago, logo, manter a tireoide funcional faz com que sua digestão também seja funcional.


Além disso, também tem sido associada a diversas condições clínicas, como:


  • Doenças autoimunes: Estudos apontam que o déficit de ácido gástrico pode estar ligado a distúrbios autoimunes como artrite reumatoide e doenças inflamatórias intestinais.

  • Anemia ferropriva: A redução de ácido no estômago prejudica a absorção de ferro que, por sua vez, pode levar a uma forma de anemia.

  • Osteoporose: A deficiência de cálcio e magnésio devido à falta de ácido gástrico pode contribuir para o enfraquecimento dos ossos.

  • Infecções intestinais: Como mencionamos, o baixo nível de ácido no estômago favorece a proliferação de bactérias ruins, o que pode resultar em infecções intestinais crônicas, como candidíase intestinal e SIBO.


Tratamento Nutricional: A chave para a recuperação


A boa notícia é que tem solução e o tratamento nutricional tem um papel crucial nesse processo. Como experimentei pessoalmente, a melhora na produção de ácido gástrico não vem com medicamentos mas sim com estratégias alimentares e suplementação que estimulem a secreção de ácido no estômago de maneira natural e saudável. Algumas abordagens são importantes para esse processo de recuperação:


  1. Ajuste alimentar: Um plano alimentar direcionado para essa condição levando em consideração as deficiências, o processo digestivo e até mesmo outras doenças relacionadas são o pilar para que esse estômago volte a fazer a digestão de forma otimizada e entregue os nutrientes necessários para sua saúde.

  2. Suplementos digestivos: Betaína HCl com pepsina pode ser útil para aqueles com deficiência comprovada de ácido gástrico. A suplementação pode restaurar em conjunto com a alimentação direcionada a acidez para melhorar a digestão.

  3. Vitaminas e minerais: Suplementar com vitamina B12, vitamina C, ferro e magnésio, para compensar as deficiências causadas pela falta de ácido gástrico.

  4. Comer devagar e em quantidades adequadas, priorizando fontes de proteínas de fácil digestão como ovos, peixes e carnes magras.

  5. Evitar refeições grandes e excessivamente gordurosas que podem sobrecarregar o estômago e dificultar ainda mais a digestão.


Com essas mudanças, é possível restaurar a produção de ácido gástrico e, com o tempo, reduzir ou até mesmo eliminar os sintomas de baixo ácido. E lembre-se, é sempre fundamental a orientação de um profissional qualificado para personalizar seu tratamento e garantir sua saúde a longo prazo.


Viver assim não precisa ser a sua realidade. Você pode conquistar a saúde digestiva que merece! Se você tem dúvidas ou gostaria de saber mais sobre como tratar essa condição de forma natural e eficaz, entre em contato comigo! Vamos juntos reconstruir sua digestão e sua qualidade de vida!




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*Este conteúdo não substitui a orientação de um especialista. Agende uma consulta com o seu nutricionista para entender melhor sobre a Hipocloridria.


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